Monday, July 31, 2006

Imagino-me


imagino-te.
na minha própria vontade
és um reflexo,
uma abadir,
um nada.
estou onde me deixaste
inventando e reinventando
as promessas de um amor
que nos baste.


Alexandre Monteiro





photo by: Dave Nitsche

Thursday, July 27, 2006

Cavalo Marinho Com Asas


Os muros. Todos
os muros. Um
só muro. E toda
a sede. E todo
o sal
do mar

no peito.



Albano Martins

hoje dedico a uma pessoa muito especial, á Carla Graça que está a precisar de voar.

Wednesday, July 26, 2006

A Vida



A vida é um traço que faço num passo gizado dos dias
A vida é o que eu faço no passo-compasso no laço dos dias
E quando parece que nada acontece por melancolias
Mesmo que eu não saiba descobrir-lhe o nexo
Há um reflexo simétrico e simples
Que segue a meu lado
E sou eu que o faço
No espelho de água desse doce enlace
De que é feita a vida.

Poema de Ruy Belo"Roubado" ao Morfeu

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Wednesday, July 19, 2006

The Lover Transform

Magritte
And they shout and batter. He batters her with his lover
spirit. And she is battered and batters him
with her spirit of the beloved.
Then the world transforms into this harsh noise
of love.While overhead
the silence of the lover and the beloved feed
the surprising silence of the world and of love.

Herberto Helder

Read the entire poem, also in portuguese

Inner me...

I want to know why?

Tuesday, July 18, 2006

Dreams


Dreaming permits each and every one of us to be quietly and safely insane every night of our lives.
William Dement 1959

Saturday, July 15, 2006

Uma Voz na Pedra


Não sei se respondo ou se pergunto.
Sou uma voz que nasceu na penumbra do vazio.
Estou um pouco ébria e estou crescendo numa pedra.
Não tenho a sabedoria do mel ou a do vinho.
De súbito, ergo-me como uma torre de sombra fulgurante.
A minha tristeza é a da sede e a da chama.
Com esta pequena centelha quero incendiar o silêncio.
O que eu amo não sei. Amo. Amo em total abandono.
Sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente.
Indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim.
Não estou perdida, estou entre o vento e o olvido.
Quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença.
Não sou a destruição cega nem a esperança impossível.
Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra.

António Ramos Rosa

Friday, July 14, 2006

Vento


O VALOR DO VENTO

Está hoje um dia de vento e eu gosto do vento
O vento tem entrado nos meus versos de todas as maneiras
e só entram nos meus versos as coisas de que gosto
O vento das árvores o vento dos cabelos o vento do inverno o vento do verão
O vento é o melhor veículo que conheço
Só ele traz o perfume das flores só ele traz a música
que jaz à beira-mar em agosto
Mas só hoje soube o verdadeiro valor do vento
O vento actualmente vale oitenta escudos
Partiu-se o vidro grande da janela do meu quarto


Ruy Belo

Wednesday, July 12, 2006

O Verão


'IL Vestito di Notte' Magritte



Estás no verão,
num fio de repousada água, nos espelhos perdidos sobre a duna.
Estás em mim, nas obscuras algas do meu nome e à beira do nome
pensas:
teria sido fogo, teria sido ouro e todavia é pó,
sepultada rosa do desejo, um homem entre as mágoas.
És o esplendor do dia, os metais incandescentes de cada dia.
Deitas-te no azul onde te contemplo e deitada reconheces
o ardor das maçãs, as claras noções do pecado.
Ouve a canção dos jovens amantes nas altas colinas dos meus anos.

Quando me deixas, o sol encerra as suas pérolas, os rituais que previ.
Uma colmeia explode no sonho, as palmeiras estão em ti e inclinam-se.
Bebo, na clausura das tuas fontes, uma sede antiquíssima.
Doce e cruel é setembro.
Dolorosamente cego, fechado sobre a tua boca.

José Agostinho Baptista Paixão e Cinzas (1992) In Biografia Lisboa, Assírio & Alvim, 2000

Monday, July 10, 2006

O Mundo

El Mundo es algo muy serio y delicado como para dejarlo en mano de
ADULTOS...

Thursday, July 06, 2006

Frida Kahlo


Hoje deixo aqui uma homenagem a Frida Kahlo
no dia em que ela faria 99 anos!
Ela recusou ser referenciada de surrealista porque sempre pintou a realidade!

Tuesday, July 04, 2006

Lua


Luz fugaz, luz furtiva do meu exílio, luz que às vezes me contemplas à beira do abismo, sobre o fio das navalhas por onde caminha o coração, sobre as nocturnas flores queimadas nos campos que amadurecem, última luz antes da queda.

José Agostinho Baptista in Quatro Luas

Dedico este pequeno trecho do livro ao amigo que me ofereceu, obrigada pelo apoio que sempre me dedicaste.

Sunday, July 02, 2006

Ando á Deriva...


Mas que sei eu

Mas que sei eu das folhas no outono
ao vento vorazmente arremessadas
quando eu passo pelas madrugadas
tal como passaria qualquer dono?

Eu sei que é vão o vento e lento o sono
e acabam coisas mal principiadas
no ínvio precipício das geadas
que pressinto no meu fundo abandono

Nenhum súbito súbdito lamenta
a dor de assim passar que me atormenta
e me ergue no ar como outra folha

qualquer. Mas eu que sei destas manhãs?
As coisas vêm vão e são tão vãs
como este olhar que ignoro que me olha
Ruy Belo

Saturday, July 01, 2006

Mourning


Paint by: Wayne Forte

I'm in a period of mourning...
I'm leaving home,
my Son is not coming with me,
so I'm going to live alone!
It will be a very dificult time for me,
Thank you all for your support words
***b