Deixa a Mão
Deixa a mão
caminhar
perder o alento
até onde se não respira.
Deixa a mão
errar
sobre a cintura
apenas conivente
com nácar da língua.
Só um grito desde o chão
pode fulminá-la.
A morte
não é um segredo
não é em nós um jardim de areia.
De noite
no silêncio baço dos espelhos
um homem
pode trazer a morte pela mão.
Vou ensinar-te como se reconhece
repara
é ainda um rapaz
não acaba de crescer
nos ombros
a luz
desatada
a fulva
lucidez dos flancos.
A boca sobre a boca nevava.
Eugénio de Andrade
Labels: Eugénio de Andrade, poetry
2 moonlovers:
nuvem passando devagar sobre imagem de mulher nua na praia deserta pensa: deverei verter sobre este corpo uma gota para a sede que um corpo é sempre? ou deverei passar ao largo para que ela se concentre na grande boca do céu sobre a sua nudez e possa terminar a tarefa que se impôs de um silêncio das mãos e esperar que me grite por àgua?
Nuvem! podes deitar mas muitas gotas que eu gosto da chuva ;)
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