O Beijo do Poema
Beijo não é palavra de poema.
É o raiar da madrugada,
o anúncio de um dia longo,
o final da tensão que ameaçava partir a corda:
podemos escolher imagens,
comparações, fazer literatura.
Será sempre outra coisa, meu amor,
o beijo do poema.
É como o branco que dizem ser a fusão de todas as cores.
Não se retira um beijo do poema,
este é apenas a fotografia de alguns pormenores.
Um beijo é o corpo que antes não existia e ali nasce,
uma nova estrutura óssea que suporta um pulsar único,
um aposento onde o esplendor apaga todas as lágrimas
que conseguiram viver até chegar ali.
Egito Gonçalves
(de O Mapa do Tesouro, editora Campo das Letras, 1998 - O Aprendiz de Feiticeiro)
Labels: Egito Gonçalves, poetry
2 moonlovers:
"(...) um aposento onde o esplendor apaga todas as lágrimas"
Não conhecia ...
Gostei!
Obrigada
isabel,
Egito Gonçalves tem poemas muito bonitos, obrigada:)
um beijo
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