Homenagem a Cesariny
visto a esta luz
Visto a esta luz és um porto de mar
como reverberos de ondas onde havia mãos
rebocadores na brancura dos braços
Constroem-te um ponte
que deverá cingir-te os rins para sempre
O que há horrível no teu corpo diurno
é a sua avareza de palavras
és tu inutilmente iluminado e quente
como um resto saído de outras eras
que te fizeram carne e se foram embora
porque verdade sem erro certo verdadeiro
nada era noite bastante para tocarmos melhor
as nossas mãos de nautas navegando o espaço
os corpos um e dois do navio de espelhos
filhos e filhas do imponderável
de cabeça para baixo a ver a terra girar
Quero-te sempre como nã querer-te?
mas esta luz de sinopla nas calças!
este interposto objecto
e o seu leve peso de eternidade
Mário Cesariny (1923-2006)
Labels: Mario Cesariny, poetry
4 moonlovers:
Portugal ficou mais pobre , sem dúvida.
Beijito.
Tenho pena que mais um simbolo da cultura portuguesa tenha desvanecido antes de o ter "conhecido"... Nunca tinha ouvido falar dele.
um bj para a Secreta.
Azzrael, nao te preocupes! com a tua idade ainda tens muitos anos e muitos poetas para conhecer ;)
Partem homens como este e poucos restam que gritem aos ouvidos de selectiva audição tudo o que comporta a palavra LIBERDADE e que a exercitem plenamente na sua vida como o próprio...
Bonita homenagem.
Um beijo
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