Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva
Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva
Não faz ruído senão com sossego.
Chove. O céu dorme. Quando a alma é viúva
Do que não sabe, o sentimento é cego.
Chove. Meu ser (quem sou) renego...
Tão calma é a chuva que se solta no ar
(Nem parece de nuvens) que parece
Que não é chuva, mas um sussurrar
Que de si mesmo, ao sussurrar, se esquece.
Chove. Nada apetece...
Não paira vento, não há céu que eu sinta.
Chove longínqua e indistintamente,
Como uma coisa certa que nos minta,
Como um grande desejo que nos mente.
Chove. Nada em mim sente...
Fernando Pessoa
Labels: Fernando Pessoa, poetry, rain
3 moonlovers:
Olá Moon!!
Finalmente, posso retomar as minhas visitas neste mundo. Já tinha imensas saudades...como deves imaginar. Fiquei paralisado, com a força e subtileza destas palavras. O entorpecimento aqui descrito, que bem conhecemos.
Um Beijo Sentido
Olá amigo Sentido!
que bom ter-te de volta, já liguei para a Carla só para saber se estavas mm bem ;)
Beijos lunares ;)
Pena que o que chova tão frequentemente seja a nossa alma...
beijinhos grandes*****
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